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QUARTA-FEIRA, 13 DE AGOSTO

 

9h00 – 10h45, Auditório da Biblioteca

MESA 1: O desbunde, o moderno e a marginalidade

Flávio Rogério Rocha (UFSCar). Desbunde superoitista: sexualidade alegórico/política na Mostra Marginália 70

Esse artigo pretende analisar nove películas feitas na bitola cinematográfica Super 8, contidas na Mostra Marginália 70: o experimentalismo no Super-8 brasileiro (curadoria de Rubens Machado, realização Itaú Cultural, 2001). Utilizaremos o termo desbunde para designar esse conjunto de filmes, da década de 1970, que têm como tônica um forte ato contestatório aos padrões sociais da época, através da alegorização da realidade e subversão da ordem estabelecida. A grande questão que se impõe é a quebra dos paradigmas socialmente aceitos, através do exercício da livre sexualidade e da experimentação de uma sexualidade dúbia.

 

Marina da Costa Campos (UFSCar). Experimentalismos: a produção de filmes do Cineclube Antônio das Mortes

Este trabalho tem o objetivo de abordar a produção audiovisual realizada pelos integrantes do Cineclube Antônio das Mortes, entre os anos de 1981 a 1987. Esta entidade surgiu em 1977 e durante dez anos de existência desenvolveu as seguintes atividades: exibição e debate de filmes, grupos de estudos e produção audiovisual. A partir dos estudos e exibições, em 1981 criaram o Núcleo de Produções do Cineclube Antônio das Mortes, uma cooperativa formada por alguns membros da entidade para a realização de filmes experimentais. Desta maneira, constituiu-se num dos poucos exemplos, no Brasil, de cineclubes que também atuaram na produção de filmes. Pretende-se, aqui, apresentar o histórico desse Núcleo, as formas de produção, o conceito de experimental para esses integrantes e as obras realizadas, a fim de apontar como a experiência cineclubista esteve impressa, de alguma maneira, nos filmes produzidos pela entidade.

 

Nanci Rodrigues Barbosa (Senac - SP). O mal-estar e o vigor de linguagem nos filmes universitários Um clássico, dois em casa, nenhum jogo fora (1968) e A morte da strip-tease (1969)

Este artigo analisa duas das produções realizadas com o advento do curso de Cinema da ECA/USP, observando como a produção universitária dialogava com o momento político existente no país, como desenvolvia experimentações de linguagem, como lidava com os modos de produção e como articulavam o fazer e o pensar cinema no contexto de um projeto educacional que se dava sob o regime militar. As duas obras escolhidas investem na experimentação da linguagem cinematográfica, com liberdade temática, com foco no espaço urbano, enfrentando a complexidade das contradições sociais que se desenhavam e a crescente participação da mídia na esfera social e cultural. Diante da realidade de um país subdesenvolvido, que via a possibilidade de um projeto de país fracassar, os autores dessas obras universitárias também buscavam estabelecer novas relações entre vida e linguagem, entre arte e cotidiano, e apontam para o que Ismail Xavier chama de “sentimento de mal-estar” com a dilaceração de uma geração.

 

Estevão de Pinho Garcia (USP). O cinema moderno pós-1968 no Brasil, no México e na Argentina

A presente comunicação pretende analisar três distintas experiências latino-americanas, associadas às mudanças e redefinições ocorridas no seio do cinema moderno a partir de 1968, por meio da comparação de três cinematografias: a brasileira, a mexicana e a argentina. Em cada uma delas podemos encontrar exemplos de cineastas ou grupos, conectados à modernidade cinematográfica, mas que, no entanto, não se alinhavam ao modelo ou movimento que a maior parte da crítica e da historiografia compreendia como sinônimo de um “autêntico” cinema moderno latino-americano, em outras palavras, o Nuevo Cine Latinoamericano (NCL). Assim, ao analisarmos a obra do cineasta chileno radicado no México Alejandro Jodorowsky, os filmes do grupo argentino CAM e da produtora brasileira Belair estudaremos os seus principais elementos de ruptura ao cinema político latino-americano e suas diferentes maneiras de abordar a política e a identidade nacional de seus respectivos países.

 

Mediação: Marina da Costa Campos

 

9h00 – 10h45, Salão de Atos

MESA 2: Programação, distribuição e exibição

Hadija Chalupe (UFF). Filme sustentável: as boas práticas de manejo cinematográfico

No campo do audiovisual podemos afirmar que, independente do alcance, ou da temática, é notória a importância dos Festivais e Mostras de Filmes, sejam eles voltados para o mercado local, ou para o internacional. Dessa forma, objetivamos nesta proposta analisar o papel dos Festivais Internacionais de Filmes como um importante canal de incentivo à realização e coprodução cinematográfica independente.

 

Giuliano Jorge (UFF). Na trilha dos novos espectadores: os festivais e mostras de cinema infantil no Brasil

Esta pesquisa visa apresentar o importante papel dos festivais, mostras e programas de exibição de filmes e produções audiovisuais destinados ao público infantil, na tentativa de consolidação de um circuito para esta audiência.

 

Mateus Nagime (UFSCar). Curadoria e programação de salas de repertório: possíveis abordagens

Este trabalho busca entender o que é curadoria cinematográfica e como ela se aplica nas salas de repertório ao redor do mundo. Salas de repertório são aquelas que exibem filmes fora do circuito comercial, um espaço para importantes e esquecidos títulos da história do cinema e outros tipo de reflexões, tais como: produção literária, debates, cursos e análises, buscando compreender como o cinema se insere diante de uma sociedade. Dentre os questionamentos que procuramos responder se encontra a diferença entre um programador e um curador de cinema, os diferentes estilos de programação e como eles trabalham a relação do público com o espaço e com a própria criação de uma história do cinema, além de relações econômicas e políticas que afetam diretamente estas exibições culturais. Vários modelos de programação em salas de repertório foram analisados, além do papel das tecnologias digitais, que auxiliam a exibição de filmes e também promovem uma maior interação com o público via internet.

 

Daniel Vicente Maggi Balliache (UFSCar). Exibição de documentários em salas de cinema: uma comparação Brasil-Venezuela

A seguinte comunicação discute e compara algumas características da exibição de longas-metragens documentários em salas de cinema do Brasil e da Venezuela entre 2005 e 2013. A partir de 2005, em ambos os países o número de documentários exibidos em salas aumentou consideravelmente graças a políticas estatais de fomento, o que têm criado uma “oferta sustentada” de filmes nacionais que não corresponde à demanda do mercado cinematográfico. Nesse sentido, queremos aqui descrever diferentes medidas que têm-se posto em prática nos dois países para garantir a circulação dessa oferta, o que é exigido pela lei. Também descreveremos algumas estratégias que diversos atores do meio cinematográfico têm aplicado em relação à exibição de documentários em sala. A análise é feita a partir do cruzamento de dados estatísticos dos órgãos cinematográficos de cada país, pesquisas acadêmicas (caso Brasil), entrevistas (caso Venezuela) e estudos sobre o mercado cinematográfico latino-americano.

 

Mediação: Teresa Noll Trindade

 

11h00 – 12h45, Auditório da Biblioteca

MESA 3: Resistência e engajamento

Carolina Amaral de Aguiar (USP). O ICAIC e a consolidação de uma resistência épica do "povo chileno": análise de Cantata de Chile (Humberto Solás, 1976)

Esta comunicação analisa a ficção Cantata de Chile (Humberto Solás, 1976) com o objetivo de verificar de que forma ela cria uma imagem épica da resistência ao autoritarismo nesse país, em um contexto posterior ao golpe de Estado de 1973. Para isso, Solás estabelece vínculos entre o momento presente (a queda da Unidade Popular) e diversos episódios da História chilena, especialmente o Massacre de Santa María de Iquique, quando trabalhadores do salitre em greve foram mortos pelo exército em 1907. Esse acontecimento é usado, em um filme que recorre a elementos narrativos da epopeia, para exaltar a resistência do povo frente à opressão. Nessa produção cinematográfica, da qual participam essencialmente atores chilenos, os operários em greve percorrem o caminho das minas à cidade, compartilhando suas experiências para consolidar uma consciência de classe. Dessa forma, a classe trabalhadora é a principal protagonista de Cantata de Chile, convertendo a História nacional em uma memória coletiva que impulsiona as lutas do presente. O realizador constrói um discurso que parte da oposição colonialismo versus libertação para interligar episódios fundamentais do passado da nação, como as guerras coloniais na Araucania, a Independência e o suicídio do presidente Balmaceda. Por fim, vale ressaltar que, ao abordar o contexto chileno, Solás incorpora expectativas do governo cubano ante aos militantes do país sul-americano que estavam exilados em Cuba – muitos deles atuando no ICAIC, instituição produtora do filme, durante os anos 1970.

 

Ignacio del Valle Dávila (USP). El Cine-Acto: estrategia de acción política y resistencia cinematográfica

En esta presentación analizaremos el concepto de Cine-Acto desarrollado por el grupo argentino Cine Liberación en el documental La hora de los hornos (1966-1968) y teorizado en el manifiesto Hacia un tercer cine (1969). El Cine-Acto concebía las proyecciones cinematográficas como un acto de resistencia política, en el cual los filmes servían como detonantes para un debate del público, que se esperaba derivase en un compromiso práctico con la “liberación”. Nuestro objetivo es analizar la evolución de la práctica del Cine-Acto durante la dictadura autodenominada “Revolución Argentina” y esbozar algunas de sus características teóricas. Asimismo, estudiaremos cómo tras el auge de estas acciones, a fines la dictadura, la discusión que proponía el Cine-Acto decayó después del regreso del peronismo al poder.

 

Isadora Remundini (UNIFESP). Imagem documental e ressignificação: os excertos de Maioria absoluta (Leon Hirszman, 1964) em La hora de los hornos (Grupo Cine Liberación, Octavio Getino e Fernando Solanas, 1968)

O documentário Maioria absoluta, realizado por Leon Hirszman entre os anos de 1963-64, imbricado ao discurso político-cultural desenvolvido no Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE), parte da questão ampla do analfabetismo para abordar as diversas mazelas que acometem os estratos mais pobres da população brasileira. No que concerne ao reconhecimento e difusão de seu caráter enquanto documentário político-social, é de extrema relevância a trajetória de circulação e ressignificação de suas imagens, em que se destaca sua utilização em La Hora de los hornos (1968), emblemática obra do Grupo Cine Liberación no âmbito do cinema latino-americano, proponente de uma estética fílmica cujo objetivo era apresentar e transformar a realidade do subcontinente. Pretendemos avaliar a ressignificação das imagens de Maioria absoluta no documentário argentino bem como investigar questões em diálogo entre os dois filmes.

 

Fabián Núñez e Marina Cavalcanti Tedesco (UFF). O real e a resistência: método fílmico e estética no cinema de Marta Rodríguez

A documentarista Marta Rodríguez possui uma singular obra que aborda relevantes questões da sociedade colombiana desde os anos 1960. Com formação em sociologia e antropologia, estuda cinema com Jean Rouch e realiza, ao lado do fotógrafo Jorge Silva, filmes nos quais desenvolve um método próprio, que associa a militância política com a observação participante antropológica. No entanto, é possível afirmar a existência de duas linhas gerais em sua obra: 1) filmes marcados pelo método ímpar de trabalho construído por ela e Silva a partir da convivência com as comunidades retratadas e 2) filmes marcados pela urgência. Ambas se interrelacionam. Posto isso, o nosso trabalho levanta as seguintes questões: 1) existem diferenças estéticas entre as duas vertentes mencionadas acima?; 2) que transformações estéticas existem, em linhas gerais, na obra de Rodríguez? e 3) é possível identificar algum traço em comum em todos esses filmes?

 

Mediação: Mariana Villaça

 

 

11h00 – 12h45, Salão de Atos

MESA 4: O cinema como instrumento de diagnóstico, luta e memória

Kim Wilheim Doria (USP). De O invasor a Trabalhar cansa: experiência urbana e capitalismo tardio em uma sismografia possível dos anos Lula

A partir da análise fílmica de O invasor (Beto Brant, 2002) e Trabalhar cansa (Juliana Rojas e Marco Dutra, 2011), procurar-se-á refletir sobre a forma como a sociedade brasileira se precipita formal e tematicamente em narrativas elaboradas na base dos gêneros cinematográficos. As obras apresentam, tanto no nível dramático quanto no da representação, uma nova configuração da luta de classes, marcada pela selvagem busca de ascensão social e inclusão no universo de consumo e de trabalho. As considerações traçadas na comparação dos filmes parecem intuitivas para se pensar a história durante o período que separa as suas realizações, notadamente a eleição e governo do presidente Lula, assim como o encontro da experiência brasileira com o capitalismo tardio.

 

Virgínia de Oliveira Silva (UERJ). Amanda e Monick: documentário e ficção

O presente texto visa analisar os fios da narrativa do documentário paraibano Amanda e Monick (André da Costa Pinto, 2007) que, nas nesgas de seus enlaces e costuras, nos permitem entrever conteúdo e forma inscritos fortemente sob o signo do duplo. Utilizamos o conceito de hibridização dos gêneros cinematográficos para melhor compreendermos a estética traçada pelo diretor e por sua equipe de profissionais, durante o processo de produção do referido curta-metragem. Destacamos o processo de extrema mudança que vem se exercendo no seio da instituição familiar, e concluímos que as questões culturais e socioeconômicas são importantes e, muitas vezes, determinantes para se obter respeito e dignidade, mesmo para quem se assuma como travesti numa cidade do interior da Paraíba.

 

Maíra Bosi (UFRJ). O filme de família e a memória: a criação de um novo lugar de memória para a cidade de Fortaleza através do filme Supermemórias

O presente artigo versa sobre a relação entre imagem e memória, a partir de questões que emergem do curta-metragem ensaístico cearense Supermemórias (Danilo Carvalho, 2010). Este filme é composto, exclusivamente, por imagens de arquivos familiares em formato super 8, filmadas entre as décadas de 60 e 80, em Fortaleza, capital do nordeste brasileiro que vem experimentando um crescimento urbano bastante significativo. O filme Supermemórias cria, então, um novo lugar de memória para esta cidade, a partir do desarquivamento e da montagem das imagens de família produzidas por seus habitantes em um passado recente. Essas imagens traduzem o desejo de permanência de um instante especial vivido e compartilhado e, atualizadas nesse filme, suscitam inúmeras questões, dentre as quais, as que destacamos neste estudo: a imagem de família como suporte para a memória, o filme Supermemórias como lugar de memória e a relação entre memória coletiva e memória individual.

 

Nayara Matos Coelho Barreto (UFRJ). PorNo PorSi: empoderamento e resistência na pornografia feminista latino-americana

Esta proposta de trabalho pretende investigar a dimensão política e estética dos produtos audiovisuais produzidos pelo coletivo feminista latino-americano intitulado PorNo PorSi. O objeto deste estudo está centrado na pornografia e nas formas de se representar, tematizar e construir imagens e saberes sobre a sexualidade feminina, tendo como elemento nuclear a potência política de um fenômeno recente que circula na internet: a auto-pornificação do corpo feminino. Portanto, cinema, pornografia e sexualidade são examinados em sua construção estética e política, buscando entender de que forma essas instâncias audiovisuais do pornográfico se transformaram, abrindo novos espaços para desconstruções estéticas e representativas ligadas à sexualidade e ao gênero.

 

Mediação: Fernando Rodrigues Frias

 

 

14h30 – 16h15, Auditório da Biblioteca

MESA 5: Ditadura no cinema contemporâneo

Alexsandro de Sousa e Silva (USP). A "nação refém": reconstruções políticas da memória em Dawson Isla 10 (Miguel Littín, 2009)

O objetivo do texto é analisar o filme Dawson Isla 10 (Miguel Littín, 2009) para conferir como é construída uma memória sobre as vítimas do regime militar no Chile (1973-1990). O filme, inspirado no livro homônimo de Sergio Bitar, exibe os sofrimentos e momentos de humanismo na prisão, que teve como prisioneiros políticos ex-ministros e diplomatas do governo de Salvador Allende (1970-1973). Acreditamos que a película traz uma visão reconciliadora da Unidade Popular, minimizando as tensões políticas entre os presos para colocá-los frente a um inimigo comum, a ditadura; a partir daí, constrói-se a ideia de uma “nação refém”, que ainda não se libertou dos problemas do passado. Buscaremos discutir algumas estratégias narrativas e estéticas voltadas à construção desse argumento audiovisual.

 

Mariana Villaça (UNIFESP). História e memória no documentário Cinemateca del Tercer Mundo, de Lucía Jacob (2011)

Por meio do documentário uruguaio Cinemateca del Tercer Mundo (62’ , 2011), Lucía Jacob, filha de um dos integrantes desse coletivo de cineastas, se propôs a contar a história dessa peculiar Cinemateca e a homenagear todos os que de alguma forma participaram dessa experiência de breve duração, interrompida pelo acirramento da repressão no país, no final dos anos 1960, que culminou no golpe civil-militar de 1973. A cineasta promove e registra um encontro celebrativo de pessoas que, 40 anos depois da criação da Cinemateca, ocorrida em 1969, se reúnem para relembrar e confraternizarem-se. O documentário altera registros desse encontro e testemunhos de vários protagonistas, individualmente. Pretendemos analisar como o documentário de Lucía Jacob constrói uma memória dessa experiência e um discurso histórico sobre a mesma, dando destaque a certas produções e a determinados sujeitos em detrimento de outros. Também pretendemos refletir sobre o lugar da história uruguaia nesse filme “memorial” e analisar as opções formais adotadas em sua produção.

 

Denise Tavares (UFF). Arquivos ativos da memória: fotografia e resistência a partir de La ciudad de los fotógrafos (Sebastián Moreno, 2006)

Desde que compreenderam a força da imagem como testemunho da história, ativistas e militantes de esquerda se valeram, não poucas vezes, da máquina fotográfica como "arma" essencial para que a barbárie não fosse soterrada durante as últimas ditaduras militares da América Latina. Assim, destacando o filme La ciudad de los fotógrafos (2006), dirigido por Sebastián Moreno, a proposta é discutir o papel fundamental do registro fotográfico como guardião da memória e espaço de resistência. Tal abordagem ancora-se na ideia de que ambos são fundamentais para que a história, problematizada, permita que as novas gerações encontrem caminhos para se contraporem aos silêncios e versões que ainda persistem sob os "acordos de democratização" que, infelizmente, prevaleceram em tantos países e impedem que a justiça, de fato, seja feita.

 

Mediação: Mariana Villaça

 

14h30 – 16h15, Salão de Atos

MESA 6: Adaptações, transcriações, traduções - diálogos com música, artes visuais e literatura

Ana Flávia de Andrade Ferraz (UnB/UFAL). Olhares sobre o trágico: da literatura ao cinema

O presente artigo tem como proposta apresentar os pressupostos teóricos e metodológicos da pesquisa De Marias, Farpas e Infâncias: o olhar trágico de Arriete Vilela no cinema alagoano que busca analisar as obras literárias da escritora alagoana Arriete Vilela, sob a ótica do trágico moderno, bem como suas adaptações para a linguagem cinematográfica, realizadas pelos cineastas Henrique Oliveira (Farpa, 2012) e Pedro da Rocha (Grande Baú, a Infância, 2013). Buscamos analisar os conflitos oriundos das experiências do trágico na expressão artística contemporânea, mais especificamente na literatura e cinema daquele estado. Por entendermos que o processo de adaptação é bem mais complexo do que o encontro das equivalências entre as páginas e a tela, as indagações e cobranças sobre fidelidade, pureza e autonomia, tornam-se fatores secundários na pesquisa. A questão leva-nos à análise dos componentes estéticos e temáticos usados tanto na narrativa literária quanto na narrativa fílmica, através da observância dos elementos trágicos em ambas as obras.

 

Débora Cristiane Silva e Sanchez (UNESP). A importância de Poty e Geraldo Vandré para a obra literária e fílmica A hora e a vez de Augusto Matraga

A presente investigação versa sobre a tradução intersemiótica do conto A hora e vez de Augusto Matraga contida na obra Sagarana (João Guimarães Rosa, 1977). Foi utilizado para este estudo a 20a edição com ilustrações de Poty Lazarotto, pois o mesmo relaciona como a xilogravura de Poty se comunica com o texto de Rosa, reforçando o caráter dualista do autor em suas obras, entre outros aspectos. Levando em consideração esse fator, é analisada na transmutação para o cinema no filme de Roberto Santos do ano 1965, além de aspectos formais da película, a canção Réquiem para Augusto Matraga (Geraldo Vandré, 1966), pois aqui a música é considerada fundamental para tal adaptação e acredita-se que os desenhos de Poty estão para o texto de Rosa assim como a música de Vandré está para a adaptação da obra fílmica (a qual adquire um tom de contestação frente ao período militar).

 

Elen Doppenschmitt (FIAM/FMU). Palomita blanca: circulação de textos de literatura, música e cinema na compreensão do imaginário político do Chile

Discutiremos a produção cinematográfica latino-americana marcada por contextos autoritários que resultaram em experiências traumáticas e cujas obras são fortes documentos não apenas de diagnósticos possíveis de um período, mas também do destino histórico das mesmas. A inconclusão da obra Palomita blanca de Raul Ruiz (Chile, 1973-1992), adaptação do livro homônino de Henrique Laforurcade, e o fato de ter sido exibida apenas muitos anos depois, promovendo novos sentidos a novos receptores, são as razões que tornam este filme emblemático para compreender a construção de um imaginário cinematográfico sobre o período que envolve a produção e a recepção do filme. Espera-se contribuir para a identificação de uma constelação de marcas a respeito das políticas de memória interpretando as representações que este filme deixa na cinematografia de nosso continente.

 

Mauricio de Bragança (UFF). Narcocorridos na tela: fronteiras mexicanas no cinema e na literatura

Nesta comunicação, pretendemos analisar as formas narrativas que migraram das letras do repertório musical dos narcocorridos para os filmes de narcotráfico, apontando para a importante presença de uma narcocultura no imaginário popular mexicano. Os narcocorridos descendem da tradição dos corridos, música muito popular em ambos os lados da fronteira. Grande parte destes corridos foi levada ao cinema e o que nos chama a atenção ao nos depararmos com estes títulos é não somente a referência aos delitos e crimes, mas também a presença de uma série de códigos associados ao universo dos filmes de ação. Esta comunicação pretende analisar esta produção do narcocine, tomando por base o diálogo entre as duas narrativas: as letras dos narcocorridos e sua adaptação para as telas.

 

Mediação: Elen Doppenschmitt

 

17h00, Auditório da Biblioteca

CONFERÊNCIA DE ABERTURA: O travelling como figura de estilo na comparação entre filmes mexicanos e brasileiros voltados para a representação da violência na história: 1946-2001, com Ismail Xavier (USP)

Estudo comparativo de seis filmes mexicanos e brasileiros tomados como paradigmas de um estilo de época: anos 1946-53 (clássico), anos 1964-71 (moderno) e anos 2000-01 (contemporâneo). Na análise do estilo, destaca-se como um procedimento - o travelling - e seu lugar na figuração da experiência social e dos conflitos políticos, quando se focaliza a Revolução Mexicana, a figura do bandido social no sertão brasileiro ou a violência urbana no mundo contemporâneo

 

Mediação: Mateus Araújo

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