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|| eixos temáticos ||

cinema e antropologia

O cinema da América Latina age como meio comunicante das realidades da região e também como força de resistência de vários outros contextos que compõem a miscelânea continental. Assim, a produção fílmica impulsiona temas estimados pelo saber antropológico - seja pela aproximação audiovisual às questões de identidade, violência, gênero, memória etc., como pelo crescente envolvimento da antropologia com a visualidade, sua aparição, recepção e transformação. Daí sobrevir, através do cinema, tendências interventivas e participativas de autores que, direta ou indiretamente, produzem conhecimento antropológico. Como resultado desse posicionamento há o estimulo à ação criativa e reflexiva de minorias culturais ou grupos periféricos do circuito dominante através do cinema. Assumindo a amplitude do tema, este eixo pretende adensar o debate entre o Cinema e a Antropologia.

cinema e artes visuais

A interlocução entre cinema, arte moderna e contemporânea pode ser abordada a partir de diversos gêneros cinematográficos: documentário, ficção, cinema experimental e expandido. O objetivo é estudar a produção imagética cinematográfica e suas relações com expressões artísticas de vários campos do conhecimento: artes plásticas, arquitetura, fotografia, videoarte, design, dança e dispositivos móveis da América Latina, entre outros, a partir de um ponto de vista de resistência em contraponto à dominação cultural. As propostas deverão considerar o amplo universo de produção da imagem e suas hibridizações, em especial aquelas que propõem uma poética da memória.

cinema, estética e política

A proposta deste eixo é pensar a relação entre estética e política nas produções cinematográficas e videográficas da América Latina. Assim, algumas possibilidades de abordagem são: o diálogo entre forma e conteúdo político, a estética cinematográfica e sua dimensão política, a política implícita ou explícita das narrativas cinematográficas, a visibilidade ou a invisibilidade de certos temas, personagens ou estéticas, e a política da estética e/ou a estética da política cinematográfica. Deste modo, a política pode ser expressa nas próprias manifestações estéticas e as produções podem ser pensadas dentro de um jogo político, em especial, em torno do controle da visibilidade. Os mecanismos de poder, que (re)produzem a desigualdade social, embrenham-se nos dispositivos que definem o que é visível e invisível e quem fala sobre o que, como e onde. Trata-se de uma disputa em que se enfrenta um jogo de forças na legitimação das representações.

cinema e literatura

Este eixo é dedicado, de forma ampla, às intersecções entre cinema e literatura no contexto latino-americano, tendo como base de análise o discurso cinematográfico. Centrar-se-á na pluralidade de abordagens do fluxo interno da linguagem literária no cinema, sobre a égide da adaptação cinematográfica ou sobre múltiplos fenômenos de inscrição e metamorfose de corpos textuais em imagem fílmica. Trata-se de pensar a história das relações entre cinema e literatura na América Latina, sempre tendo em conta os limites semióticos da tradução mútua. Deste modo, partir-se-á do princípio de que as relações entre a literatura e o cinema não servem à submersão de uma materialidade na outra, mas permitem pensar dialeticamente as ideias literárias e as ideias cinematográficas.

cinema e relações Institucionais

Os estudos de cinema raramente levam em conta análises econômicas e, menos ainda, aquelas apoiadas na economia política, como afirma Octavio Getino. As implicações políticas e ideológicas dos arranjos econômicos também são relevantes e podem ser instrumento de trabalho dos grupos de representação da classe, como as Associações Regionais e Nacionais de vários segmentos. Apenas recentemente, aspectos como distribuição, circuitos exibidores, políticas de apoio, leis de incentivo, parâmetros de regulamentação para o setor ou a relação entre cinema e Estado vêm ganhando a devida atenção. O objetivo deste eixo é analisar como tais práticas econômicas e culturais e de classe moldam o fluxo de filmes, a produção e o consumo, e discutir as relações sociais e de poder envolvidas desde o projeto até a exibição desse bem cultural.

cinema e teatro

O cinema, desde o início de sua criação, teve como uma de suas influências e referências a linguagem do teatro: é fácil reconhecer a teatralidade dos filmes de Méliès, a influência do teatro de Meyerhold no cinema de Serguei Eisenstein, entre outros exemplos. O cinema da América Latina que busca repensar a realidade de cada país também estabeleceu um intercâmbio criativo e crítico com as artes cênicas, o que muitas vezes resultou em experiências fílmicas de rompimento com a linguagem hegemônica da indústria cultural. O histórico do intercâmbio entre cinema e teatro e suas possibilidades futuras fundamenta este eixo, que pretende aprofundar o debate e a pesquisa entre o cinema e teatro na América Latina.

cinema e história

O cinema - e, numa perspectiva ampliada, o audiovisual - vem sendo um campo cada vez mais frequentado também por historiadores, nas últimas décadas. São múltiplas as possibilidades de abordagem e pesquisa do filme como documento histórico. Sob o prisma da memória e da resistência, por exemplo, categorias que norteiam a concepção do presente colóquio, o cinema pode ser pensado, historicamente, como parte de um circuito de produção de memória, onde também cabe a perpetuação ou a contestação de discursos. Inegavelmente, toda produção audiovisual também está, de alguma forma, relacionada à disputa simbólica pelo poder, integrando ou desafiando políticas que, na sociedade, perfazem jogos complexos de adesão e resistência. Assim, ao debater as problemáticas que concernem à memória e à resistência, vem sendo um desafio gratificante aos pesquisadores interessados na abordagem do cinema como fonte histórica, considerar, em sua análise, as peculiaridades da linguagem fílmica, suas ambiguidades, seus sistemas de representações e significados políticos, bem como seus diálogos e conexões com produções e movimentos culturais contemporâneos.

cinema e som

O som na obra audiovisual modifica a percepção global do espectador, construindo um universo novo. O objetivo é refletir sobre o som como poética de memória e resistência, em suas relações com a imagem no cinema e demais expressões audiovisuais da América Latina. As propostas podem explorar: a análise de questões colocadas pela música, as funções narrativas dos ruídos e/ou dos silêncios, a percepção do tempo na imagem, o papel das vozes para além dos diálogos e as relações entre o som e a criação do espaço cinematográfico, entre outros.

cinema e psicanálise

O cinema e a psicanálise são contemporâneos. A gênese dos dois pode ser, de certa maneira, remontada a 1895, o cinema com as projeções dos Lumière e a psicanálise com a publicação do livro Estudos sobre a histeria, de Freud e Breuer. Desde então, essas áreas vêm mantendo um diálogo constante em que os olhares e formas de constituição e interpretação se imbricam e estabelecem conexões: da correlação de imagens com os sonhos aos jogos das identificações entre espectador e personagens ou com a imagem mesma, pode-se evidenciar distintas maneiras em que se tangenciam. Como toda cultura estabelece as próprias formas de se representar, é fundamental pensar nas maneiras como se estabelece o que é próprio ou se vê como próprio da América Latina, o que, num certo sentido, produz uma subjetividade latino-americana e como ela, por meio de suas realizações cinematográficas, se representa. 

 

O colóquio foi organizado a partir dos nove eixos temáticos descritos a seguir. Na programação, trabalhos de diversos eixos se entrecruzam, reafirmando a interdisciplinaridade e o diálogo como ponto importante de nossa proposta.

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