VII COCAAL
VII COLÓQUIO DE CINEMA E ARTE DA AMÉRICA LATINA
O PÚBLICO NO CINEMA E NA ARTE DE AMÉRICA LATINA (AL)
SEXTA-FEIRA, 16 DE AGOSTO
9:00
Coffee break
SALA LUPE COTRIM
9:30
SALA LUPE COTRIM
Profa. Dra. Karla Holanda (UFF)
Palestra: Interseccionalidade em A nova mulher, de Helena Solberg
Prof. Dr. Estevão Pinho Garcia (IFG)
Palestra: A indagação “O que é o Brasil?” nos filmes Belair de Rogério Sganzerla
Prof. Dr. Javier Ramirez (UNAM)
Palestra: El cine en México de los cincuenta, entre dos modernidades
11:30 – 13:00
SALA LUPE COTRIM
Profa. Dra. Ana Rosa Mantecon (UNAM)
Palestra: Pensar los públicos de cine. Retos para las políticas culturales en América Latina
Profa. Dra. Anita Simis (UNESP)
Palestra: A experiência da SPcine e o seu público
HISTÓRIA, CINEMA E MEMÓRIA
16/08/2019
14:00 – 16:00
SALA 227 CTR/ECA
“Cinema e Política: a Revolução nos horizontes”
Marcelo Prioste, PUC – O DOCUMENTARISMO POLÍTICO NA CUBA DOS ANOS 1960: DE IVENS A ÁLVAREZ
RESUMO: Neste texto analisaremos a presença em Cuba do cineasta holandês Joris Ivens (1898 – 1989) na alvorada do processo revolucionário como influência decisiva para Santiago Álvarez (1919-1998), considerado o principal documentarista político do cinema cubano, na sua concepção do que seria um documentarismo militante. Ao propor um cinema alinhado a um “modelo pedagógico de eficácia da arte”, como assim definiu o filósofo Jacques Rancière ao classificar as primevas concepções de arte política, Santiago, cujo centenário de nascimento celebra-se neste ano, incorporou procedimentos e temáticas que o instalariam no centro daquilo reconhecido como um cinema militante latino-americano, principalmente ao longo dos intensos anos 1960.
Leonam Quitéria Gomes Monteiro, UFRRJ – MEMÓRIA, IDENTIDADE E DISCURSO CINEMATOGRÁFICO: AS PRIMEIRAS PRODUÇÕES DO CINEMA CUBANO PÓS-REVOLUCIONÁRIO.
RESUMO: O cinema cubano tem sua particularidade de engajamento político, devido a sua forte relação com a Revolução Cubana, ocorrida em 1959. Esse ideal revolucionário foi o guia central para a criação do ICAIC – Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográfica, em 24 de março de 1959, apenas três meses após a revolução. Tomás Gutiérrez Alea e Julio García Espinosa, além de fazerem parte do grupo fundador do ICAIC, foram os primeiros diretores a realizarem filmes produzidos pelo instituto. Entendemos que o cinema desempenhou uma função ímpar de consolidar uma imagem, ou melhor, uma memória sobre os primeiros anos da revolução. Nos dois primeiros anos, a revolução manteve seu caráter nacional e democrático. Somente em 1961, Fidel Castro institucionaliza o seu caráter socialista. (BANDEIRA, 1998, p. 330). Posto isso, esse trabalho tem como foco quatro produções cinematográficas realizadas entre os anos de 1959 e 1961, antes da promulgação de Fidel Castro.
Carolina Amaral de Aguiar – A SOLIDARIEDADE AO CHILE NOS ENCONTROS E FESTIVAIS DE CINEMA
RESUMO: Festivais e encontros cinematográficos são espaços transnacionais nos quais ocorrem a circulação de filmes, mediadores, referências estéticas e manifestos. Nos anos subsequentes ao golpe no Chile (1974-1976), vários desses espaços manifestaram solidariedade às vítimas da ditadura, bem como debateram ações que impulsionaram internacionalmente a “causa chilena”. Esta apresentação tem como objetivo refletir sobre a importância dos festivais e encontros para a campanha de solidariedade ao Chile por meio do estudo de alguns eventos específicos, como o Encontros Internacionais por um Novo Cinema de Montreal (junho de 1974), e o Encontro de Cineastas Latino-americanos em Solidariedade com o Povo e os Cineastas do Chile ocorrido em Caracas(setembro de 1974). Pretende-se também expor a importância que os filmes feitos por exilados chilenos e por estrangeiros solidários às vítimas de Pinochet tiveram em certames como os Festivais de Berlim, Oberhausen, Leipzig e Pesaro.
Ilma Carla Zarotti Guideroli, UNIFESP – THE SILVER AND THE CROSS: A POTÊNCIA POLÍTICA DAS IMAGENS FERNÁNDEZ)
RESUMO: O texto propõe analisar a vídeo instalação The silver and the cross (2010), do artista e cineasta alemão Harun Farocki (1944-2014), enquanto possibilidade narrativa que foge à história “oficial” ou, de outro modo, que escapa àquela que é produzida sob o ponto de vista dos vencedores. Farocki elabora narrativas tendo como ponto de partida o gesto de apropriação de imagens existentes – produzidas pelos sistemas de poder vigentes –, retirando-as então de seus contextos originais para, por meio de processos de edição e montagem, trazer à tona outros extratos, mais profundos e mesmo invisíveis. A partir das reflexões de Georges Didi-Huberman (1953-) sobre o gesto de restituir as imagens na produção de Farocki, as ideias de artista enquanto arqueólogo e enquanto atravessador serão abordadas no sentido de enriquecer a análise.
CINEMA, ARTE E ANTROPOLOGIA
16/08/2019
14:00 – 16:30
SALA: Aprendizado Eletrônico - ECA
Pedro Portella Macedo, UFRJ – A IMAGEM CATIVA: O FEITIÇO DA CÂMERA ENTRE OS AMERÍNDIOS
RESUMO: Sob a lógica ameríndia, a captura da imagem de uma pessoa é uma forma de feitiçaria, que torna a imagem cativa. Indo mais além, todas as tecnologias de registro documental ocidentais são adaptadas segundo conceitos nativos nos diversos grupos ameríndios. Esta adaptação preserva o sentido ancestral de que o processo de documentação pode ser permitido, porém, com uma série de limitações, semelhantes às prescritas no campo das dietas restritivas, normalmente presentes nos períodos de gestação, puerpério, puberdade, luto, caça e cataménio, ou seja, estados cujos corpos passam por alterações xamânicas. Essas restrições aludem ao fato de que o registro de imagens e sons são perigosos, por abrirem espaço para o aprisionamento por feitiçaria e a uma temível comunicação com outros mundos e dimensões, pertencentes aos domínios supramundanos.
Thomaz Marcondes Garcia Pedro Diversitas, USP – ETNOFICÇÃO KALAPALO E O “TRADICIONAL”NO FILME ITANDENE UGÜHÜTÜ - SOBRE O CASAMENTO
RESUMO: A partir da categoria de etnoficção e de mídias indígenas esta apresentação pretende se voltar para as experiências de produção partilhada do filme Itandene Ugühütü - Sobre o Casamento. O filme foi realizado por um grupo de indígenas da etnia kalapalo como resultado de oficinas de audiovisual feitas por mim na aldeia kalapalo Aiha, no Território Indígena do Xingu (MT). O caráter improvisado da atuação dos atores se misturam com performances cotidianas, turvando a fronteira entre documentário e ficção. No filme buscou-se ainda evidenciar aspectos considerados "tradicionais" pelos Kalapalo, evitando mostrar elementos não indígenas. Entendo que a categoria "tradicional" deve ser posta em perspectiva quando estamos tratando de produção de mídias indígenas, e pretendo desenvolver este argumento ao longo deste paper.
Marcos Cesar Martins Pereira, UFEP – UMA CÂMERA NA MÃO E A BAHIA NA CABEÇA: AS CONFIGURAÇÕES SOCIAIS DE SALVADOR ATRAVÉS DE PIERRE FATUMBI VERGER E GLAUBER ROCHA
RESUMO: O presente trabalho possui enquanto objetivo analisar uma amostra das produções fotográficas de Pierre Fatumbi Verger sobre a comunidade de Itapuã, em Salvador, bem como se debruçar no primeiro longa metragem de Glauber Rocha, intitulado Barravento, com o fim de levantar, a partir das imagens de cunho socioantropológico, características socioeconômicas e raciais da capital baiana, sobretudo relacionada à atividade de pesca. Para tal, a contribuição dos trabalhos de Donald Pierson e Thales de Azevedo com seus estudos empíricos são recuperadas de modo a demonstrar que seus dados podem ser observados pelas obras dos artistas através do campo imagético. Observa-se, a luz disso, uma confluência entre os dados levantados pelos sociólogos e as produções dos artistas em questão - ainda que essa aproximação fosse de forma não intencional.
Asdrubal de Novaes Savioli, UAM – TRADIÇÃO E MODERNIDADE NO CIRCO, UM BREVE ESTUDO SOBRE AS FORMAS IDENTITÁRIAS NO CIRCO BRASILEIRO ATRAVÉS DA PERSONAGEM LOLA, DO FILME O PALHAÇO
RESUMO: Partindo da premissa que a organização da sociedade circense tem seu maior lastro na tradição familiar, sendo essa sociedade, de certo modo hermética, este estudo pretende analisar a forma com que o circo convive com a pósmodernidade onde o individualismo e confusão de fronteiras predominam, utilizando a personagem Lola, do filme O Palhaço, como exemplo dessa realidade.
Felipe Gasparete e Gabriela Borges UFJF – ZÉ CARIOCA E BLU: AS AVES COMO REPRESENTAÇÃO DO NACIONAL-POPULAR BRASILEIRO
RESUMO: O objetivo deste trabalho é analisar e entender como o cinema de animação atribui às aves, papagaios e araras, algumas características que posteriormente seriam também dadas aos brasileiros, passando a representar o Brasil. Pretendemos verificar que elementos marcantes da cultura do país, inseridas nestas histórias, são exploradas e propagadas na indústria cultural. Este artigo busca realizar uma reflexão acerca da pluralidade cultural e da identidade brasileira através da observação dos filmes Alô Amigos! (Saludos Amigos!, Walt Disney, 1942), Os Três Cavaleiros (The Three Caballeros, Walt Disney, 1944) e Rio (Rio, Carlos Saldanha, 2011), identificando, a partir da análise fílmica, questões de brasilidade e cultura brasileira nas personagens principais: Zé Carioca e Blu. Além disso, o trabalho parte da premissa de que algumas dessas representações são estabelecidas a partir de uma estrutura que cria estereótipos da cultura brasileira, e ao mesmo tempo, reafirma a nossa própria identidade, gerando símbolos nacionais-populares.
CINEMA, ARTE E GÊNERO
16/08/2019
14:00 – 16:00
Sala: Paulo Emílio – ECA
Letícia Moreira de Oliveira, UNICAMP – ENTRE O FEMINISMO DECOLONIAL E AS TEORIAS FEMINISTAS DE CINEMA – REFLETINDO A CRÍTICA LATINO-AMERICANA
RESUMO: As Teorias Feministas do Cinema inauguraram importantes rupturas teóricas e metodológicas nos estudos do audiovisual, em especial no que se refere ao campo da recepção. Compreendendo a relevância de uma abordagem crítica e historicizada, o presente artigo convoca uma perspectiva decolonial para a crítica feminista latino-americana, inspirada nos feminismos decoloniais. Parte-se, portanto, de uma revisão das principais contribuições e trajetórias desses dois campos - a crítica feminista de cinema e o feminismo decolonial - em um esforço de traçar um diálogo e perceber desafios que estão postos para o fazer crítico na América Latina, bem como a construção de epistemologias feministas diversas na recepção cinematográfica.
Natalia Engler Prudencio – EMPODERAMENTO INDIVIDUALISTA NO FEMINISMO MIDIÁTICO DE MULHER-MARAVILHA E CAPITÃ MARVEL
RESUMO: A recente emergência de discursos e ideias feministas na cultura midiática tem se dado em meio a um contexto de ênfase no indivíduo que traz o empoderamento como uma de suas questões centrais, dentro de um quadro neoliberal de autoempreendedorismo que tende a não desafiar estruturas de opressão. É a partir dessa perspectiva que interrogamos o ideal de empoderamento implicado nas narrativas e imagens dos filmes Mulher-Maravilha e Capitã Marvel — fortes catalisadores de discussões de gênero no contexto do cinema hollywoodiano e exemplos de textos nos quais pode ser mapeada a emergência dos feminismos midiáticos —, e sua relação com um novo tipo de sujeito feminista que aceita total responsabilidade pela construção de sua própria autoestima e confiança, sob uma biopolítica que disciplina corpos e mentes.
Carolina de Azevedo Müller - Desconstruindo o documentário "Nuestra Haydée" (Esther Barroso, 2015): a representação da atuação política de uma heroína da Revolução Cubana.
Nessa comunicação pretendemos demonstrar um projeto em andamento de Mestrado em que iremos analisar o documentário cubano Nuestra Haydée (2015). Escrito e dirigido por Esther Barroso (Cuba, 1968-), este documentário trata da trajetória da Haydée Santamaría (Cuba, 1922-80), guerrilheira do Movimiento 26 de Julio e presidente da instituição cultural Casa de las Américas, de 1959 até 1980, ano em que comete suicídio. Após sua morte emblemática, iniciou-se um processo de mitificação de Haydée pela memória oficial cubana, ao qual acreditamos que o documentárioNuestra Haydée esteja relacionado. Visamos compreender o processo de produção do documentário, analisar criteriosamente o mesmo, o discurso sobre a vida de Haydée e o processo revolucionário, considerando o contexto em que foi realizado (Cuba dos anos 2010), e, por fim, as noções generificadas presentes.
Seiji Watanabe – MODERNIDADE/COLONIALIDADE: DOS SABERS AO (S) GÊNERO(S)
RESUMO: A episteme ocidental-moderna produz a matriz colonial de poder, a qual tem implicações tanto nas tecnologías de generización homem/mulher, quanto na produção de conhecimento. A partir dessa premissa, utilizando como intercessor o filme chileno Uma mulher fantástica (Una mujer fantástica, Sebastián Lelio, 2017), esse trabalho objetiva refletir: 1) Se os termos da Teoria Queer ainda operam nos termos binários da episteme moderna; 2) Se a adesão à Teoria Queer por parte dos estudos de gênero latino-americanos ainda se circunscreve na colonialidade do saber, uma vez que a teoria norte americana não contempla formas de vida e inscrições sexuais empreendidas desde um perspectivismo próprio da América Latina. No mais, esse trabalho se baseia no conceito de corpo-gênese para propor um corpo que seja capaz de desarticular a lógica moderna/colonial.
CINEMA E SOM
CINEMA E PSICANÁLISE
16/08/2019
14:00 – 16:30
AUDITÓRIO B – CTR (Cinema, Televisão e Rádio) ECA
Cinema e Som
Guilherme Maia e Everaldo Asevedo, UFBA – CORPOS E CANÇÕES NA POÉTICA NEW QUEER DE KARIM AÏNOUZ: UMA ANÁLISE DE CENAS DE MADAME SATÃ E PRAIA DO FUTURO
RESUMO: Em uma carreira como realizador marcada pelo vínculo com o New Queer Cinema, Karim Aïnouz roteirizou e dirigiu dois filmes, Madame Satã (2002) e Praia do Futuro (2014), protagonizados por personagens gays. Este trabalho propõe que a música, operando como valor acrescentado em representações de experiências de afeto físico entres seus protagonistas homossexuais, é um elemento chave na poética new queer de Aïnouz.
Josias de Andrade Santos UFBA – O PERSONAGEM SONORO: A MÚSICA COMO RAISONNEUR EM CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS
RESUMO: Este trabalho intenta analisar a presença da música Serra da Boa Esperança (Lamartine Babo, 1937) no filme Cinema, Aspirinas e Urubus (Marcelo Gomes, 2005). Ao longo dos anos discussões acerca do som no cinema tem sido cada vez mais documentadas, ainda assim é convencionado dizer que “vemos“ um filme, e por isso, a questão da audiovisão proposta por Michel Chion orientará essa pesquisa. Por meio de decupagem analítica da letra e da composição harmônica da música buscaremos reconhecer a relação entre música e enredo; identificar o efeito empático ou anempático e os valores expressivo e informativo da canção; e a construção afetiva entre os personagens Johann e Ranulpho. Ao final do estudo demonstraremos como a canção mencionada revela antecipadamente os caminhos dos personagens, os seus dilemas, e o seu papel de Raisonneur.
Cinema e psicanálise
Elisangela Miras – DAS TRIPAS CORAÇÃO: UM GOZO SUPLEMENTAR
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo principal examinar a representação da mulher no cinema de Ana Carolina. Debruçando-se, mais detidamente, sobre Das Tripas Coração (1982), buscando indicar os aspectos contemporâneos na linguagem cinematográfica, o estilo e o modo como a cineasta constrói o feminino neste filme. Teoricamente, o trabalho requisita teorias sobre cinema, obra da autora e a psicanálise freudiano-lacaniana em torno do feminino. A primeira embasa a análise fílmica. A segunda, a análise das personagens mulheres. Acrescentam-se, a essas bases de apoio, outras, oferecidas por comentadores de Freud e de Lacan e, ainda, por estudiosos do cinema e da obra da cineasta. Em consonância com tais perspectivas, joga-se aqui com a hipótese de que, na figuração da mulher, apresentada neste filme, pode-se extrair a representação do gozo suplementar, por excelência um gozo feminino.
Guilherme de Camargo Scalzilli, USP – ÉTICA E MORAL NA RECEPÇÃO DE UM FILME PARA NICK
RESUMO: O artigo realiza um panorama da recepção crítica ao longa-metragem documental Um filme para Nick (1979), de Wim Wenders, considerando separadamente os textos publicados na imprensa e aqueles incluídos em obras de cunho acadêmico. O recorte da análise é circunscrito às abordagens da exibição do sofrimento e da doença de Nicholas Ray, protagonista e co-autor da obra. Nem sempre essa moldura temática é delimitada com clareza, mas podemos verificar que adquire viés moral nos trabalhos contemporâneos ao filme e viés propriamente ético nos trabalhos posteriores.
Maria Eugênia Duarte Cunha Freitas – ESTRATÉGIAS DE LEGITIMAÇÃO E ENQUADRAMENTO EM FESTIVAIS DE CINEMA DE DIREITOS HUMANOS
RESUMO: O presente trabalho tem origem em uma pesquisa sobre festivais de cinema e direitos humanos que se iniciou em 2003. Meu objeto de estudo inicial era o Human Rights Watch Internationa Film Festival (HRWIFF), edição de Londres. Como contraponto, dediquei atenção também ao Festival Internacional du Film sur les droits de l´homme (FIFDH), em Genebra. Esses festivais apresentam identidades muito diferentes, apesar de ambos terem a característica de um festival de cinema com a temática dos Direitos Humanos. O ponto de partida do projeto era compreender como o público reconhecia e qualificava os filmes. O enquadramento teórico partia dos estudos de Audiência e dos Estudos Culturais. Buscava estudar o discurso do festival de forma a pensar de que maneira os filmes estavam informando a audiência sobre o tema, levantando questionamentos ou apenas reforçando certas visões estereotípicas de abusos de direitos humanos como sendo algo que acontece em outro lugar que não o Ocidente, sempre representado como salvador.
CINEMA, ARTE E HISTÓRIA
16/08/2019
14:00 ÀS 16:00
Sala 223 – CTR (Cinema, Televisão e Rádio) ECA
Rafael Morato Zanatto – PAULO EMÍLIO E AS FONTES NÃO FÍLMICAS NA FORMAÇÃO DO CINEMA BRASILEIRO
RESUMO: O presente trabalho apresenta a contribuição do intelectual brasileiro Paulo Emílio Sales Gomes na formação dos estudos históricos de cinema no país. Parcela significativa da investigação criteriosa conduzida pelo historiador irá se fundamentar no cotejo entre os testemunhos de personagens da história do cinema brasileiro às fontes não-fílmicas disponíveis, como matérias de jornais e revistas, a fim delimitar até que ponto os depoimentos dos contemporâneos aos velhos filmes podem ser considerados no delineamento de uma narrativa histórica para o cinema brasileiro.
Sérgio César Júnior, UNIFESP – MANDONISMO LOCAL: UMA LEITURA DO CORONELISMO NA OBRA DO CINEASTA HUMBERTO MAURO
RESUMO: O meio rural brasileiro é o ambiente que atrai pesquisadores da área de humanas interessados em investigar as tradições sociais para se compreender o sistema de organização e funcionamento das comunidades interioranas. A partir do final dos anos 1940 iniciou-se nas ciências sociais estudos que detectaram as raízes históricas e as características típicas do mandonismo local no Brasil. O primeiro estudo a ser publicado foi Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime de representatividade no Brasil (1949), do jurista Victor Nunes Leal (1914-1985). A obra do jurista serviu de base para um debate entre sociólogos, cientistas-político e historiadores especializados na análise das práticas de controle eleitoral dos “coronéis”, durante a Primeira República (1889-1930) e final dos anos 1940. No mesmo contexto de publicação de Coronelismo, enxada e voto, coincidentemente foi realizado o filme Canto da Saudade: a lenda do carreiro (1952), do cineasta Humberto Mauro (1897-1983), cujo o personagem coadjuvante é o Coronel Januário (Humberto Mauro), um mandante rural da Zona da Mata mineira. A nossa análise estético e histórica do fenômeno do coronelismo representado nas imagens maurianas encontrou características semelhantes nos ethos do personagem mauriano e dos tipos de mandantes locais descritos nesse estudo do jurista.
Vanderlei Henrique Mastropaulo, USP – ÚLTIMAS IMAGENS DE UM NAUFRÁGIO ANUNCIADO
RESUMO: O argentino Eliseo Subiela começou no cinema argentino em meados dos anos 1960. Porém, o crescente autoritarismo adiou sua carreira, que se voltou à publicidade. Ele só chegou ao longa-metragem com La conquista del paraíso (1981) e depois realizou três obras-primas: Hombre mirando al sudeste (1986), Últimas imágenes del naufragio (1990) e El lado oscuro del corazón (1992). Todos carregados de simbolismos sobre a situação social vivida na Argentina. Últimas imágenes del naufrágio narra o romance entre Roberto, que sonha ser escritor, e Estela, que mora com a família em um bairro pobre de Buenos Aires, carregando marcas de uma vida conturbada. O filme estreou em 1990, após a conturbada transição entre os governos de Raúl Alfonsín (1984-1989) e Carlos Menem (1990-1999). As metáforas construídas por Subiela se referem tanto às consequências do desastre político e financeiro da ditadura militar quanto aos descaminhos do “naufrágio” da economia argentina em sua necessária redemocratização.
AUDIOVISUAL, ESTÉTICA E POLÍTICA
16/08/2019
14:00 – 16:00
Sala Lupe Cotrim – ECA
Alexandre Marino Fernandez e Ricardo Tsutomu Matsuzawa, UAM – A COSTURA TEMPORAL ATRAVÉS DO SOM EM RASGA CORAÇÃO: DA SOCIEDADE DISCIPLINAR À SOCIEDADE DO DESEMPENHO
RESUMO: Esta comunicação pretende estabelecer uma análise do manejo temporal no filme Rasga Coração. A análise será centrada na costura temporal realizada pelo filme, unindo duas realidades paralelas: a juventude do personagem principal, Custódio, quando foi um militante revolucionário, contra a ditadura militar brasileira e o momento contemporâneo, onde trabalha em uma repartição pública objetivando juntar dinheiro para pagar faculdade de medicina e montar um consultório para seu filho único Luca. A costura temporal é realizada no filme principalmente através do uso do recurso da Diegése Deslocada e nossa argumentação é que, nessa costura temporal, Rasga Coração apresenta traços da mudança social apresentada pelo filósofo Byung-Chul Han, da Sociedade Disciplinar para a Sociedade do Desempenho.
Anderson Moreira, UFF – BATMAN, DO BECO ÀS DOBRAS: APROPRIAÇÕES POLÍTICAS DE IMAGENS PROPRIETÁRIAS
RESUMO: Esse artigo investigará as relações entre alguns filmes brasileiros que se apropriam da cultura pop global e os direitos autorais. No ano em que Batman completa 80 anos, ao mesmo tempo em que está sob a égide de um complexo sistema de proteção legal, sua exposição e contato com pessoas ao redor do globo possibilita apropriações que podem ultrapassar o seu universo canônico, constituindo matéria que possibilita a criação de novos mundos e formas de se expressar e estar neles. Dessa forma, a partir de obras como Batguano e Batman Pobre, discutiremos a tensão entre o povoamento de nosso imaginário feito pelo personagem e o povoamento que fazemos dele. Para isso nos valeremos do conceito de meme trabalhado por Iain Robert Smith (The Hollywood Meme, 2017) para pensar nas adaptações transnacionais de material proprietário. Também relacionaremos essa conceituação com a antropofagia e a forma como ela encara os direitos autorais, particularmente a partir da noção de posse contra a propriedade.
Diana Paola Gómez Mateus, USP – NARRATIVAS DE TERRO E CINEMA COLOMBIANO
RESUMO: Apresentarei ideias e imagens do cinema colombiano para pensar nos diálogos possíveis entre nossas cinematografias e aportar elementos para o debate da construção de uma expressão anti-hegemônica. Sendo que meu horizonte tem sido as narrativas do terror, o aspecto que quero ressaltar é o da elaboração imagética da violência política para pensar as formas pelas quais nós elaboramos narrativas audiovisuais, ou seja, sensoriais, sobre a/uma história dessa violência. Com este intuito em mente proponho refletir sobre deslocamentos operados por certos filmes para contar outra historia e, finalmente observarei essas outras elaborações imagéticas de espaços, vocabulários ou pessoas como propostas de iluminações profanas que estão rescindindo o cinema colombiano para abrir espaços a historias diversas.
Herico Ferreira Prado, UFPR – SUBTERRÂNEOS DO FUTEBOL E O CONTEXTO POLÍTICO SOCIAL DE MAURICE CAPOVILLA
RESUMO: Maurice Capovilla é cineasta, produtor, ator e roteirista envolvido no Cinema Novo, movimento cinematográfico brasileiro que teve auge de produção entre a década de 60 e meados da década de 70. Este trabalho pretende discorrer sobre seu documentário "Subterrâneos do futebol", 1965, dentro da trajetória mais ampla de Capovilla, como cineasta e militante, avaliando as suas principais referências estéticas e ideológicas. Em conjunto com a bibliografia, como fonte sobre o contexto de Capovilla, serão utilizadas entrevistas do diretor concedidas a Carlos Alberto Mattos, em 2006, Reinaldo Cardenuto, em 2013 e Juliano Tosi, em 2018. Tais fontes são compreendidas como referencial balizador para interpretar o contexto de vida de Capovilla no período supracitado e compreender como sua ideologia, bem como o meio artístico em que ele estava inserido, pode ter influenciado em sua técnica.
ENCERRAMENTO DAS PALESTRAS
16/08/2019
16:00 – 18:30
Sala – Lupe Cotrim
Prof. Dr. Fabián Nuñez (UFF)
Palestra: A Cinemateca do MSM_RJ durante a gestão Cosme Alves Netto
Prof. Dr. Álvaro Mantecon (UAM)
Palestra: Comercio, arte y moraleja: los produtores de la época de oro del cine mexicano ante su público
Profa. Dra. Ana Laura Lusnich (UBA)
Palestra: Discusiones en torno a la memoria histórica en las cinematografias regionales de Argentina
Mateus Araujo Silva (ECA)
Palestra: Da febre de Luis Buñuel ao transe de Glauber Rocha
18:30 – 19:00
Coffee Break
Lançamento e apresentação do e-book Que histórias queremos contar?
Eduardo Roscov
19:00 -21:00
Lançamento do filme da Associação de Cinema Indígena ASCURI
Jakairá: O Dono do Milho Branco
Gilmar Martins Marcos Galache
Ademilson Concianza Verga
Exibição do filme "O Jogo"
Clementino Jr.
Exibição dos filme
Fala dos diretores dos filmes
Encerramento do VII Cocaal