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|| eixos temáticos ||

O colóquio foi organizado a partir dos nove eixos temáticos descritos a seguir. Na programação, trabalhos de diversos eixos se entrecruzam, reafirmando a interdisciplinaridade e o diálogo como ponto importante de nossa proposta.

história, cinema e memória

A proposta deste GT é discutir as relações ente História, Cinema, Artes Visuais e Memória na e sobre a América Latina, em suas diversas possibilidades: a historicidade das imagens; o filme como documento para a pesquisa histórica; as “batalhas de memórias” por meio do audiovisual;  o papel do cinema na  “escrita da história” e na formação da cultura histórica contemporânea; o lugar do testemunho no cinema documental; o debate historiográfico sobre o fenômeno audiovisual; a discussão teórico-conceitual da arquivística audiovisual e o papel dos arquivos audiovisuais na construção da memória; entre outras abordagens nesse campo.

Coordenação: Mariana Villaça, Fabián Núñez, Reinaldo Cardenuto.

cinema, arte e gênero

Desde final do século XX práticas artísticas, de pesquisa e crítica abordam implicações das relações de gênero seja na realização de filmes, nas expressões fílmicas propriamente ditas, ou na recepção ganharam fôlego no exterior. No Brasil essa zona de reflexão vem se adensando nos últimos anos, levantando uma série de indagações intrigantes sobre possíveis interações entre audiovisual e as teorias de gênero. Este eixo compreende pesquisas desenvolvidas nesta intersecção e dedicadas à reflexão sobre artistas, obras, processos criativos, circulação e interpretações. A ideia é que esse eixo fortaleça um eixo comparativo Latino Americano em torno dessas questões e estimule interlocuções e novas formas de abordar as relações entre corpo, gênero e sexualidade.

Coordenação:Esther Hamburger, Livia Perez, Gabriela Maruno, Carolinne Mendes e Erika Amaral

arte e cinema experimental na América Latina: história e crítica

Entre os fortes influxos mundiais e a interação com as condições locais, de que modo a sensibilidade estética de artistas e cineastas latinoamericanos tem se arranjado no terreno da experimentação face à sua cultura e suas específicas tradições críticas? A análise comparativa exerce forte atrativo mesmo quando seus pressupostos básicos rareiam e a fortuna crítica das obras é precária e oscilante. O mapeamento e a prospecção histórica da produção experimental revelam-se tarefa primordial dado que são muitas vezes coisa recente e cheia de lacunas, o que afeta o exercício cada vez mais necessário da crítica.

Coordenação: Rubens Luis Ribeiro Machado Jr., Maria Alzuguir Gutierrez, Fábio Diaz Camarneiro, Fábio Raddi Uchôa

cinema negro latino-americano

“O cinema negro emerge e levanta, o cinema negro é o hoje, é o agora. E este levante assusta, dá medo, cria alvoroço dentro de uma sociedade que está bem conformada com suas desigualdades raciais.” (Créditos Iniciais, por Marco Aurélio da Conceição Correa)
Apesar do pioneirismo de alguns cineastas negros e negras no século XX, é a partir da última década o Cinema Negro tem se consolidado como uma categoria nos festivais, mostras e congressos de Cinema e Audiovisual no Brasil e vem se afirmando como um modo de fazer cinema onde o sujeito negro é quem cria, desenvolve e produz. Este eixo temático é dedicado a comunicações audiovisuais que tenham como foco a negra/ o negro como protagonista em produções cinematográficas afro-latinas.

Coordenação: Clementino Jr., Fernanda Schenferd, Lygia Pereira.

cinema, arte e antropologia

Este eixo temático é dedicado  a comunicações que se voltem para imagens, processos e objetos que dialogam com o campo da arte. Podem ser contemplados suportes, linguagens, mídias e tecnologias variados, tais como fotografia, pintura, cinema, performance, teatro, dança, música, internet, entre outros. São bem vindas reflexões sobre distintos universos visuais e estéticos que transitam por diferentes concepções de imagem e modos de percepção. A conexão entre antropologia, artes e cinema pode se dar de diferentes maneiras nos trabalhos, por exemplo, tendo a antropologia como ferramenta metodológica da produção artística, ou tomando imagens, rituais e outras formas sensíveis como material de análise ou de experimentações etnográficas.

Coordenação: Ilana Goldstein, Luiza Serber e Edgar Teodoro da Cunha. 

abertura radical e engajamento do público nos processos decisórios
O que torna a arte ou um projeto político verdadeiramente públicos? Como recusar o fechamento da forma, abrir-se ao inesperado e construir uma obra coletiva e democraticamente? Neste grupo iremos trabalhar a partir de práticas artísticas e/ou políticas que engajem o(s) público(s) nos processos de criação, a ponto de transformá-los. Interessam desde projetos artísticos cuja ênfase está no processo e não em produtos finais até a configuração de políticas públicas de Cultura, como foi o processo de criação da Lei de Fomento ao Teatro em São Paulo no início dos anos 2000. Também interessam práticas documentárias onde não há separação entre autores e sujeitos retratados. A noção de "abertura radical" presente no título não se refere à obra aberta a diferentes interpretações, mas à obra cuja forma não é pré-determinada.

Coordenação: Graziela Kunsch.

materialidades do cinema 

O GT se propõe a abrigar reflexões acerca das materialidades decorrentes de ações envolvidas na estruturação do profílmico e na definição de suportes e registros que implicam na construção da visualidade, interferindo na forma final da obra audiovisual na América Latina. Tais escolhas, que repercutem diretamente na estética, integram o processo de criação e estabelecem diálogo com a forma fílmica. Considerando as particularidades do fazer audiovisual no contexto latino-americano, o exame das soluções envolvidas no trabalho das diversas equipes/instâncias de criação da obra audiovisual contribui para uma expansão, tanto dos paradigmas de análise da imagem quanto do repertório estético da cinematografia da região. Dentre as questões enfocadas no GT estão estudos sobre cor, textura, espaço, luz, assim como outros elementos que compõem o conjunto de propostas estilísticas que materializam o audiovisual, a partir de escolhas decorrentes da direção de arte, direção de fotografia e outras, em formatos ficcionais, documentais, experimentais ou híbridos.

Coordenação: Elizabeth Jacob, Nivea Faria de Souza e Tainá Xavier.

cinema e movimentos sociais

O registro em audiovisual e a representação artística em geral das ações dos grupos sociais passou a constituir-se em uma peça estratégica fundamental para a direção dos movimentos sociais na América Latina,  em contraposição ou como alternativa ao que não é realizado pelas mídias tradicionais. Na maioria das vezes não há uma pretensão à criação de um produto estético com vistas à circulação comercial, mas um registro documental, portanto, um registro histórico, político e social de um determinado movimento ou ação. São produtos manipulados pelos próprios militantes sociais ou por seus simpatizantes e destinados à circulação interna... e que passam ao largo das leis de incentivo e fomento. O propósito deste grupo temático é discutir a propriedade dessas produções que apesar de limitadas por recursos ou suportes tecnológicos estão criando uma nova estética sobrepondo e transgredindo, inclusive o circuito alternativo "tradicional", uma vez que utilizam as plataformas imediatas das novas mídias.

Coordenação: Margarida Nepomuceno, Giovana Rafaela Botti Resende e Mayra Coan Lago.

audiovisual, estética e política

Os mecanismos de poder, que (re)produzem a desigualdade social, embrenham-se nos dispositivos que definem o que é visível e invisível e quem fala sobre o que, como e onde. Trata-se de uma disputa em que se enfrenta um jogo de forças na legitimação de narrativas e imagens que influem nos modos de ver e pensar sobre nossa condição política, histórica e social. A partir deste pressuposto, este eixo se propõe a desenvolver uma reflexão crítica sobre a relação entre estética e política no cinema e na arte latino-americanos. Segundo Christian  Zimmer, "o cinema é menos um modo de fazer cinema e mais uma maneira de pensar o cinema", poderíamos dizer o mesmo da arte. Propomos, assim, discutir a politização da estética e pensar criticamente a estetização da política, de maneira a construir pontes clandestinas que profanem as falsas fronteiras entre forma e conteúdo. Neste sentido, algumas possibilidades de abordagem são: como a arte latino-americana pode se constituir como uma expressão anti-hegemônica? Que pontes clandestinas podemos construir entre estética e política na América Latina? Como o audiovisual, a arte, e suas possibilidades estéticas são mobilizados para discutir conflitos recentes e seculares do território latino-americano? As imagens e narrativas artísticas e cinematográficas colocam, de maneira explícita ou implícita, o seu ponto de vista político ou a sua opção política? Quais os dispositivos de voz/silenciamento e visibilidade/invisibilidade presentes nestas imagens e narrativas cinematográficas e artísticas? Tais questões nos conduzem ainda a reunir contribuições que confrontem a dimensão das interfaces criadas pelo audiovisual que revoga a política inerente à representação das disputas políticas tão presentes nos vídeos contemporâneos.

Coordenação: Cristina Beskow, Marilia Bilemjian Goulart, Daniela Gillone e Nicolau Bruno de Almeida Leonel. 

cinema, arte, língua e literatura

Este eixo é dedicado às interações entre arte, cinema, língua e literatura. Esse ano, ao adicionarmos o vocábulo língua no título, esperamos explorar a ideia de construção do cinema, da literatura e, talvez, da arte a partir de um conjunto sintagmático individual, de uma língua que se manifeste externa e uniformemente, embora seja potencialmente singular para cada indivíduo – podendo está língua ser oral, sinalizada ou escrita. E para além do indivíduo, queremos refletir como a arte e o cinema utilizam-se das centenas de idiomas existentes na América Latina para construir um trabalho que represente sua multiplicidade cultural. O campo não se restringe às adaptações cinematográficas de títulos renomados: ele visa os múltiplos fenômenos de inscrição e metamorfose entre as imagens literárias, as imagens fílmicas e as imagens da arte. As relações entre esses campos não servem à submersão de uma materialidade na outra, pois elas permitem pensar dialeticamente as ideias literárias, artísticas e cinematográficas. E para essa reflexão, o recorte dos movimentos de resistência na América Latina faz-se presente: a adaptação da literatura latino-americana na arte e no cinema de resistência; o trabalho de artistas, diretores, roteiristas, linguistas e demais profissionais do audiovisual e da linguagem versados na construção do discurso imagético; enfim, o filme e a obra de arte como mídia para o protesto, a canção ou o poema. Por fim, queremos ressaltar a construção fílmica a partir de um olhar lexical e sintático, pensado por meio das diversas línguas latino-americanas que lidam com passado e futuro, além das dezenas de outras que não trazem tais partículas temporais em suas construções sintagmáticas: como o indivíduo se representa e se percebe representado no cinema?  Estas e outras tantas abordagens do hibridismo arte, cinema, língua e literatura na resistência social, política e cultural da América Latina.

Coordenação: Fernanda Schenferd, Jéssica Ferrari e Rodrigo Pacheco

cinema, arte e história

O ano de 2019 é para nós historiadores dos estudos visuais, um momento oportuno para aprofundarmos nossas reflexões sobre a importância de analisarmos produções imagéticas que contemplam assuntos sociais e políticos do nosso passado latino-americano. Principalmente quando esse balanço que fazemos se trata de nosso interesse interdisciplinar em desenvolver o campo de pesquisa de história e cinema. Por isso devemos incentivar o pesquisador a manter o contato com as antigas expressões iconográficas como desenhos, gravuras, pinturas que foram extraídas dos olhares exóticos de artistas estrangeiros, os quais foram os primeiros intérpretes de nossas experiências coloniais. Como também devemos nos debruçar com nossas inquietações aos expressivos objetos visuais figurativos, ou abstratos em formatos bidimensionais e tridimensionais, criados por membros de grupos das vanguardas artísticas e assim dedicarmos mais atenção às nossas produções audiovisuais. O objetivo de nosso contato com as fontes visuais é exercitar a nossa percepção na leitura das imagens e problematizarmos as representações dos artistas, fotógrafos e cineastas sobre as vidas cotidianas das populações de nosso continente. Nessa primeira década do século XXI, o campo de estudo de história e cinema proposto pelo historiador francês Marc Ferro, já completou seus cinquenta anos de existência. Apesar de já conhecida esta proposta, -  a de tratar o filme como uma fonte documental sobre os eventos pretéritos -, mesmo com o passar dos anos e com o aumento do interesse de nossos pesquisadores por esse campo de pesquisa, ainda assim há uma relutância de grande parte dos historiadores em assimilar e incentivar essa prática no meio acadêmico brasileiro. É certo que há espaços nos simpósios, colóquios e seminários para a apresentação de trabalhos de análise histórica e estética de filmes, alguns de origens latino-americanas, contudo essa demanda é menor em vista aos trabalhos convencionais de análise das fontes escritas. A grande parte de nós historiadores precisa entender que o ser humano é um ser histórico e que tudo que a humanidade produz é passível de ser estudado pelo crivo histórico e historiográfico. Se para o historiador convencional de fontes escritas o que o interessa numa investigação, é a relação de tempo e espaço dentro de um evento ocorrido, para nós historiadores de audiovisual compreendemos a necessidade de também incluirmos mais um elemento nessa relação temporal-espacial, a análise do movimento das imagens. Esse é o momento de refletirmos a América-Latina como o lugar histórico na visão de diversos artistas, cada um desses observando os eventos em épocas diferentes, acompanhando e registrando com as lentes de suas câmeras todas as possíveis movimentações das populações nativas desse nosso inquieto e inquietante continente.

Coordenação: Paula de Castro Broda e Sérgio César Júnior.

cinema e som

O objetivo deste eixo temático é a reflexão sobre as múltiplas potências poéticas do uso do som em obras audiovisuais da América Latina. Tomando o som como elemento constituinte de narrativas, de sentidos e sensações, intrínseco ao discurso audiovisual e condicionado à História e ao desenvolvimento tecnológico, aceitam-se propostas que explorem tanto a relação do uso do som com a produção de discurso e sentido, quanto sua utilização experimental e seu percurso na história do cinema. Assim, as propostas podem explorar: a análise de questões colocadas pela música, as funções narrativas dos ruídos e/ou dos silêncios, a percepção do tempo na imagem, o papel das vozes para além dos diálogos, as relações entre o som e a criação do espaço cinematográfico, a história de sua evolução técnica, dentre outros.

Coordenação: Khadyg Fares, Eduardo Meciano

cinema, economia e política cultural

A proposta do eixo temático é congregar trabalhos que discutam indústria cinematográfica e o papel das políticas culturais direcionadas ao campo do cinema e audiovisual problematizando o protagonismo dos governos e propondo análises a respeito de específicas questões, tais como: descontinuidades em políticas públicas para cinema e audiovisual; o papel do Estado no fomento; regulação; riscos, ausências e instabilidades; conquistas do setor; políticas formativas e de educação em AV; novos mercados; politicas de acervo e memória; consumo e recepção; políticas direcionadas a indígenas, negras/os, mulheres, LGBTQs, entre outras "minorias"; incentivo à produção experimental; protagonismo das instâncias decisórias; mecanismos/instrumentos de fomento (editais, leis de incentivo, fundos setoriais, acordos de coproduções internacionais); potencialidades e ameaças da indústria audiovisual; história das políticas cinematográficas. Desse modo, pretende-se o diálogo com pesquisas propositivas a debates sobre estas questões, entre outras correlatas e seus desdobramentos, que atravessam a cadeia produtiva do cinema e audiovisual considerando a tríade produção, distribuição e exibição, num tensionamento permanente entre o público e o privado, entre a homogeneização e a diversidade cultural, e ainda entre as desigualdades das trocas num cenário de globalização econômica e cultural.

Coordenação: Carla Rabelo Rodrigues e Thais Fernanda Raposo 

cinema, televisão e novas mídias

Este eixo temático é voltado para comunicações que envolvam pesquisas sobre as relações entre o cinema e as mídias eletrônicas, como a televisão e os meios digitais. Pretende-se contemplar abordagens variadas que envolvam: linguagens e sistemas expressivos; relações de produção e consumo; questões relativas à recepção e crítica; história das relações entre o cinema e outras mídias na América Latina. 

Coordenação: Laura Loguercio Cánepa, Maria Ignes Carlos Magno e Vicente Gosciola 

cinema e artes visuais

A intensificação do diálogo existente entre cinema e arte moderna e contemporânea, recentemente, é abordada a partir de diversos gêneros cinematográficos, como documentário, filme-ensaio, ficção, cinema experimental e expandido. O objetivo deste eixo é estudar a produção imagética cinematográfica e as relações e influências que ela estabelece com meios de expressão de vários campos do conhecimento, como artes plásticas, arquitetura, fotografia, video-arte, design, dança, performances, arte digital, video-instalação e dispositivos móveis da América Latina. Assim, a partir de um ponto de vista que pensa as constantes influências das mudanças tecnológicas no cinema e nas expressões artísticas e, sobretudo, baseadas na resistência à dominação cultural por movimentos de defesa dos valores simbólicos e materiais dos povos e minorias da região, as propostas devem considerar e confrontar os métodos da produção cinematográfica contemporânea e suas intersecções com elementos das Artes Visuais, em especial com aquelas que propõem uma poética da memória e de resistência aos valores dominantes, por meio de novas formas de olhar.

Coordenação: Yaci Harumi Nakazone de Mello e Thiago Soares Ribeiro

psicanálise e cinema

1a.) Como o Cinema e Psicanálise evocam as questões do ódio, do medo, da cólera e da ignorância? 

 

Como toda arte, o Cinema e sua teoria estética ensinam muito aos psicanalistas. Estes afetos, por serem tão fundamentais no ser falante, não podem deixar de estar refletidos na tela.

Na teoria psicanalítica, o ódio é considerado como uma das paixões do ser: por vezes é a direta expressão da pulsão de morte na forma do desejo de matar. Se odeia o que é diferente, o que produz medo, o que contraria, o que produz desprazer. São todas justificativas que permitem que a faísca do ódio vire incêndio. Já a cólera é uma explosão passageira que se desencadeia quando o sujeito percebe que o que ele esperava que encaixasse não cumpre as expectativas. Por fim, a indignação também é passageira e se manifesta frente às injustiças. 

Com frequência os cineastas trazem esses temas para o centro do Debate. Basta ver os filmes que ganharam os principais Festivais de Cinema Brasileiro, nessa década - do que eles tratam?  Por exemplo, no Brasil, o filme Branco sai, preto fica (Adirley Queirós, 2014) foi premiado em dois importantes festivais nacionais (Brasília e Tiradentes), quase vinte anos após o filme francês O Ódio (La Heine, Mathieu Kassovitz, 1995) ter sido premiado em Cannes. O que os cineastas interessados na cultura do seu tempo ensinam à psicanálises? 

 

2a.) Experiências de cinema com debate na cidade.                  

           

A literatura nos mostra que, antes de ser apropriado pelo público, um filme é só uma película, um objeto cultural ou uma obra de arte. É na experiência do debate através dos veículos especializados (critica, artigos, publicidade) e na Cidade (escolas, praças, festivais, salas de cinema, Cine-Clubes) que o filme ganha vida e resiste no tempo. Ou seja, sua apropriação e duração no tempo estão  diretamente associadas à sua recepção. Não por acaso, havia uma prática de exibir e discutir muitos filmes do Cinema Novo, Cinema Marginal e Super-08, durante o período da Ditadura, em espaços privados. Pois o Debate era algo subversivo e, por isso mesmo, secreto, vigiado. Nesse período, impedidos de serem vistos e discutidos, muitos filmes se perderam no tempo, alguns foram recuperados. Outros puderam ser exibidos, mas com cortes, debatidos em Festivais e Cine-Clubes com autorização prévia e às vezes na presença dos censores. 

Para o cineasta Luiz Rosemberg Filho, o cinema "também é uma obra imperfeita". Trata-se de algo que é "mais que uma linguagem por ser uma passagem obscura que a gente nunca sabe onde vai dar, até atingir o espectador. O espectador, ao entrar na sala escura, também não sabe onde a sua experiência com o filme vai dar", (https://pt.scribd.com/document/162662065/Outras-Palavras017). Isso não está distante da experiência analítica, tão pouco do Debate público sobre qualquer filme. 

As diferentes práticas de debater um filme, nos espaços públicos, independe do filme ser considerado bom ou ruim, pela crítica ou pela comunidade dos cineastas. Tais práticas buscam extrair da obra aquilo que elas têm de possibilidades de experiências linguisticas e estéticas, de implicações com a circulação da palavra, com a construção de narrativas, com aquilo que chamamos de Recepção do filme. 

Coordenação: Maria Noemi Araujo, Rosângela Carboni Castro e Stella Maris Jimenez Gordillo

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